Salgueiro é uma povoação da freguesia de Sôsa, concelho de Vagos que, embora modesta, possui alguns "monumentos " dignos de figurar entre as maravilhas de Vagos. A povoação de Salgueiro,além de ser cantada pelo poeta Faca, também mereceu as honras de vir nos livros de Manuel D"Almeida, "Soza e suas gentes", e também do escritor e poeta Pedrógam, no livro "Lendas de Sosa". Realizava-se em Salgueiro, em tempos recuados a festa dos Reis Magos, que tinha fama de ser das mais pomposas das redondezas. Mas, com o passar dos anos, como acontece em lugares pequenos e de poucos recursos, e velha tradição foi perdendo muito do seu valor e hoje, só se realizam cortejos de pastoras que, tendo algum aparato e sendo merecedores das atenções não só das gentes locais mas de muitos forasteiros, em nada se assemelham a cortejos de reis como os de a outrora. Outrora também havia um rancho, denominado "Rosas Brancas",que teve origem num grupo carnavalesco e cuja fundação foi por volta de 1970, mas acabando, para voltar de novo à actividade há poucos anos e até, felizmente, possuir sede própria no Largo da árvore. Foi ainda por essa altura (1970) que se formou em Salgueiro um grupo musical designado por TV5. Se o chamado Largo da árvore é bem conhecido de Salgueiro, com as suas árvores com mais de um século, como se pode ler em azulejo em casa velha que ali permanece, muito mais velha era a primitiva capela em honra de Nossa Senhora da Graça, que há varios anos foi melhorada, por iniciativa de uma comissão residente nos E.U.A,, à frente da qual esteve o sr. Manuel Rosa, actualmente a viver no lugar de Salgueiro. Outrora, segundo dizem documentos, consta que em mil cento e noventa e dois, D. Sancho I, o Povoador, terá doado aos cruzados, como recompensa, pelos auxílios prestados nas conquistas aos mouros uma orla marítima entre Sosa e Ilhavo, bem como a faixa interior da citada orla, onde existiam floresta virgem e animais selvagens. Por volta de mil duzentos e noventa e oito, homens piedosos atingiram uma vasta floresta de salgueiros, à qual vieram a chamar salgueirô. Em mil setecentos e cinquenta e três foi construída no lugar de Salgueirô, actual Salgueiro, uma capela destinada pelos actuais moradores na terra a orar a Deus pelos seus antepassados já falecidos. Nos terrenos adjacentes a esta rude capela existia um cemitério local onde eram sepultados os entes queridos. Por volta do ano de mil oitocentos, todos estes lugares vieram a ser incorporados no património da casa dos duques de Aveiro. Em mil oitocentos e trinta e seis, o pároco da freguesia, com autorização do Bispo da Diocese de Coimbra e com o impulso dos habitantes, aumentou a capelinha para o local onde já existia o cemitério. O estado a que chegou tornou indispensável a sua restauração, porque a fé e o bom sendo das pessoas não pode consentir que a sua antiquíssima capela viesse a desaparecer e tiveram que pôr mãos à obra de modo atenuar a ruína do monumento mais antigo do lugar. Foi em Novembro de mil novecentos e setenta e nove que se iniciou a edificação duma nova capela de Nossa Senhora da Graça, vindo as obras a concluir-se em Abril de mil novecentos e oitenta e um. Nesta construção foi respeitada alguma arquitectura anterior, especialmente o arco da entrada principal e a torre primitiva. "A escultura da titular, Virgem com o Menino, de calcário pertence aos meados do século XVI e é de oficina Coimbrã". As festas em honra de Nossa Senhora da Graça, padroeira de Salgueiro, muito venerada por um povo extremamente religioso, realizam-se no último domingo do mês de Agosto de cada ano. E para terminar, pois a crónica já vai um tanto longa, vamos referir-nos a um casarão, já em ruínas, que existe à margem da estrada de Verba, à saída de Salgueiro, que antigamente era um convento pertencente à família Matoso da então vila de Eixo. O povo que cultivava algumas das suas terras, em forma de arrendamente chamava-lhe o "celeiro" em virtude de ali ir pagar o foro (renda) e continua a chamar-lhe assim nos diasde hoje.. Na sua fachada principal existe em "pedra de granito" um brasão, cujo significado se desconhece, mas sabe-se, sim, que a primeira escola que existiu em Salgueiro, foi ali que funcionou durante muitos anos. Hoje o imóvel pertence a um proprietário natural de Salgueiro e ao que consta não pretende demolir tal relíquia histórica, pois deseja preservar as coisas do passado. São assim as pessoas amigas da terra onde viveram.
DEIXE AQUI O SEU COMENTARIO